domingo, 26 de setembro de 2010

Ensino Religioso e o posicionamento público da IECLB

MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DA IECLB REFERENTE AO ENSINO RELIGIOSO

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB, que tem entre suas finalidades o testemunho público e a
vivência do Evangelho de Jesus Cristo em nosso país (Art. 1º da Constituição da IECLB), como entidade civil está inserida no contexto histórico e geográfico brasileiro, plenamente acatando, por conseguinte, a Constituição Federal (Art. 2º e 5º da Constituição da IECLB).

Historicamente, a IECLB tem prestado relevantes serviços à educação do povo brasileiro. Também esteve e segue envolvida na discussão acerca do Ensino Religioso na esfera pública e para dentro das escolas confessionalmente identificadas com ela, tendo acompanhado e apoiado o trabalho do FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso em nosso país. Nos âmbitos estaduais ela tem representação em entidades civis do CONER, onde a questão do Ensino Religioso escolar foi e é debatida, em busca de políticas e propostas educacionais que respeitem o direito fundamental das pessoas à diversidade cultural e religiosa no Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo, conforme a LDB 9.394/96, em sua nova redação, dada ao Art. 33, pela Lei 9475/97.

Diante do exposto, a IECLB compreende que, vivendo num mundo globalizado, onde os valores do mercado abafam, sem
constrangimento, valores essenciais à vida, ao mesmo tempo em que acontecem grandes avanços nos campos científico e tecnológico, assistimos, perplexos, a múltiplas formas de violência, inclusive a pobreza e a fome, a falta de tolerância e o desrespeito às diferenças e às diversidades.

Nesse contexto, o Ensino Religioso constitui-se em espaço de grande riqueza para a reflexão e o exercício de uma nova
consciência, possibilitando o conhecimento do fenômeno religioso, o qual se traduz em abertura e na aceitação do outro. O
conhecimento religioso é patrimônio da cultura humana e, por isso, é parte integrante na formação cultural e cidadã das crianças e dos jovens de todas as escolas do nosso país.

Assim, o Ensino Religioso não poderá ser algo abstrato, prescindindo da tarefa de transmitir informações básicas e centrais
acerca das crenças, espiritualidade e organização das principais expressões religiosas no mundo, no país e, não por último, no contexto local em que o Ensino é ministrado. No entanto, a volta a um Ensino Religioso Confessional, como previsto no Acordo Brasil–Vaticano, é um retrocesso e se coloca na contramão da legislação acima mencionada concernente ao Ensino Religioso nas escolas públicas. Tampouco faz jus a um salutar processo de socialização e de capacitação para a cidadania que se dão no âmbito escolar. O ensino confessional de cada crença é atribuição das denominações religiosas em seus espaços próprios. O respeito mútuo, a liberdade religiosa e a igualdade de direitos entre as religiões constituem-se num preceito constitucional que deve ser rigorosamente respeitado.

Portanto, conclamamos a todas as pessoas envolvidas na educação e por ela responsáveis a se empenharem em favor de
uma proposta abrangente e inclusiva para o currículo do Ensino Religioso e para as políticas educacionais públicas. Assegure-se, assim, a formação integral da pessoa, sempre comprometida com a participação cidadã e o respeito integral às diferenças religiosas, na tarefa comum de construção de relações de paz e justiça em nosso país.

Porto Alegre, 23 de setembro de 2010

Dr. Walter Altmann
Pastor Presidente da IECLB

Visite também o site http://www.luteranos.com.br/ e tenha acesso ao documento em pdf.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A simbologia da árvore

No dia 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore.
Este é um exemplo de ilusionismo para diversão...
Há que se procurar 10 Rostos na copa ou no entorno da árvore. Um ótimo exercício, diga-se!


Menciono este conteúdo na área simbólica porque a Árvore na simbologia religiosa destaca o Reino Vegetal. Há várias passagens da Bíblia Sagrada que citam árvores, ou arbustos, inclusive suas espécies. Carvalhos, oliveiras, videiras, figueiras...
Podemos fazer uma boa pesquisa para "devastar" o campo do reino vegetal na Bíblia.

Há também aspectos ecológicos, revelando aspectos humanos, como, por exemplo em Deuteronômio 20.19: "Quando sitiares uma cidade por muito tempo, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele comerás; pelo que não o cortarás, pois será a árvore do campo algum homem, para que fosse sitada por ti?"

Quando a árvore está desfolheada, como esta que vimos acima, o início da primavera é muito esperado. A natureza revela um novo ciclo vital, que, simbolicamente, poderá ser comparado ao reinício da vida. Nesse aspecto poderá ser lembrada a famosa expressão "árvore da vida", Gênesis, para a qual não houve permissão de lhe experimentar o fruto, sob pena das consequencias que a humanidade bem conhece.

A temática não está esgotada. Antes é pretesto para acréscimos. A qualquer tempo eles são possíveis!



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Decálogo para uma espiritualidade da não-violência

Um dos temas que desafiam educadores Brasil afora é "como" abordar a "Violência". Existe um grupo de estudiosos e profissionais de múltiplas áreas que se posicionam firmemente em tratar da "Não-violência". Essa corrente aborda a temática no sentido de evitar a Violência, sem negá-la. Encontrei um texto que pode ser associado à reflexão, especialmente ao tratarmos com o Nível Médio, e que dá o título deste artigo, assinado por Rosemary Lynch e Alain Richard, religiosos da ICAR.

"A não-violência ativa nos chama para:
1 - Aprender a reconhecer e respeitar "o sagrado" ("aquele algo de Deus", como dizem os quacres) em todas as pessoas - inclusive em nós - e em todas as partes da criação. Os atos da pessoa não-violenta ajudam a liberar da obscuridade ou do cativeiro esse divino no oponente.

2 - Aceitar-se a si próprio profundamente. Aceitar "quem sou eu" com todas as minhas dádivas e riquezas, com todas as minhas limitações e erros, falhas e fraquezas e dar-me conta de que sou aceito por Deus. Viver em nossa verdade, sem orgulho desmedido, com menos ilusões e falsas expectativas.

3 - Reconhecer que aquilo que me ofende numa outra pessoa, e talvez até deteste, provém da minha dificuldade em admitir que essa mesma realidade está em mim também. Reconhecer e renunciar a minha própria violência, o que se torna evidente quando começo a monitorar minhas palavras, gestos, reações.

4 - Renunciar ao dualismo, à mentalidade "nós-eles" (maniqueísmo). É isto que nos divide em "pessoas boas/pessoas más" e nos permite demonizar o adversário. É a raiz do comportamento autoritário e exclusivista. Gera o racismo e torna possível os conflitos e as guerras.

5 - Encarar o medo e lidar com ele, não tanto na base da coragem, mas do amor.

6 - Compreender e aceitar que a Nova Criação, a construção de uma Comunidade Amada, sempre é levada adiante com a ajuda de outros. Nunca se constitui num "ato solo". Isto requer paciência e a capacidade de perdoar.

7 - Enxergar-nos como parte do todo da criação, em relação à qual nutrimos uma relação de amor, não de supremacia, lembrando-nos de que a destruição do nosso planeta é um problema profundamente espiritual, não apenas um problema científico ou tecnológico. Somos todos um.

8 - Estar dispostos a sofrer, talvez até com alegria, se acreditamos que isto venha liberar o divino nos outros. Isto inclui que aceitemos nosso lugar e momento na história com seus traumas e ambiguidades.

9 - Ser capazes de celebrar, de alegrar-nos, quando a presença de Deus foi aceita, e quando não foi, ajudar a descobrir e reconhecer esse fato.

10 - Ir mais devagar, ser pacientes, plantando as sementes do amor e do perdão em nossos próprios corações e nos corações daqueles que estão ao nosso redor. Devagar, cresceremos no amor, na compaixão e na capacidade de perdoar.


IN: BUTIGAN, Ken. BRUNO, Patrícia (OP). Da Violência à Integridade. Um programa sobre a espiritualidade e a prática da não-violência ativa. Sinodal, São Leopoldo, 2003.