quinta-feira, 21 de maio de 2015

Características de Deus inerentes em pais e filhos



       A seguir utilizo uma síntese da adaptação do texto da autora Íris M. Boff, em seu livro "Fé e vida crescem juntos", da Ed. Paulinas, para conceituar as influências da visão que filhos tem sobre Deus, considerando ensinamentos, diálogos e práticas de pais. O texto tem por objetivo proporcionar reflexão àqueles que atentam para a diversidade religiosa e a pluralidade existente nos diversos contextos cristãos.



DEUS DOS PAIS, DEUS DOS/AS FILHOS/AS


              “(...) As primeiras imagens de Deus que a criança incorpora são adquiridas na família com seus pais, e essas são as que mais permanecem.” (p. 38-42 op. cit.)
          Assim, na maneira inadequada de falar, também há deformação do rosto de Deus.
         A análise e reflexão sobre algumas frases corriqueiras e comuns que as mais dirigem aos filhos e filhas podem trazer mais informações. Estas informações formam uma ideia falsa acerca de Deus:

DEUS VINGADOR

         -“Viu só o que te aconteceu? Bem que eu te avisei... Sabe o que é isso? Isso é castigo de Deus.
         Sempre que alguma coisa errada acontece, Deus se vinga e castiga. Quando os pais falam dessa maneira, estão apresentando à criança um Deus mau e vingador.
         Deus não é assim, vingador, mau. Deus é de uma bondade extrema e sem limites, que até se aproveita dos erros e fracassos, fazendo com que deles se tire lições para a vida futura. Erros são para corrigir e ensinar, e o momento depressivo e cheiro de frustrações não é, certamente, o melhor para se falar de Deus à criança. Para ela, isto será mais um peso a carregar.
         Falar de Deus à criança dessa maneira é prepará-la para a desilusão. Com efeito, tão logo ela tomar consciência do engano que sofreu, jogará fora esse Deus e, com ele, poderá jogar fora também as demais oportunidades para seu amadurecimento na fé.

DEUS “VAIVÉM”

         “- Não faça isso, senão Jesus fica triste; ele chora e vai para longe de você.”
         Esta é outra grande blasfêmia, segunda a autora Serbena, que deforma o rosto de Deus. É uma chantagem que se faz com a criança, apelando comodamente para seu fácil sentimentalismo. Pelo sentimento da criança, compra-se, vende-se um deus cômodo. Manda-se Deus para longe da criança, ou se chama para bem perto, de acordo com a conveniência do momento. Manipula-se Deus ao bel-prazer, quando, na verdade, se sabe muito bem que Deus jamais abandona seus filhos e suas filhas, sejam bons ou maus. É o ser humano que se fecha diante de Deus, afasta-se, não deixa espaço para Deus e não percebe o quanto Ele está na vida.
         Não se pode apelar para Deus por qualquer coisinha, quando razões lógicas e humanas podem explicar e solucionar certas situações. Pode-se falar com a criança de maneiras como essas: se você bater no seu irmãozinho, você vai ficar sozinho e sem amigo para brincar; repartindo o brinquedo, você vai ganhar um amigo e ficar muito mais feliz. Ou então: se você não vestir este agasalho, não poderá passear por causa do resfriado que vai entrar em você. E assim por diante...

DEUS “DEDO-DURO”

         “- Vou sair e não quero que vocês briguem. Eu não estou vendo, mas Deus está vendo tudo.”
         Em outros momentos, para estas crianças, havia-se falado que Deus ia embora; agora, quando convém, Deus fica. Está aí, não como um pai, uma mãe, um amigo, mas como um “dedo-duro”, um fiscal, que está sempre de olho, policiando todos os feitos. Esse deus é a babá mais barata, a melhor e mais eficiente empregada da mamãe e do papai. Também esse deus, felizmente deve ser jogado fora.

DEUS “ENCICLOPÉDIA”

    –         O que faz a água ser molhada?
-         É Deus que faz assim.
-         Por que eu não ganho mais um irmãozinho?
-         Porque Deus não quer.
-         Pra que é que a gente reza (ora)?
-         Porque Deus mandou."
Tudo é Deus. Ele funciona como uma boa enciclopédia, um bom dicionário, um bom livro para pais e adultos se safarem de perguntas curiosas que crianças fazem. Essa é a maneira que eles consideram mais rápida e certa de responder a tudo. Para não assumir a responsabilidade de responder, para não admitir a falta de bom senso e para acabar com a curiosidade da criança, coloca-se tudo nas costas de Deus: sua iniciativa, vontade e as conseqüências de tudo. Isso dá ideia à criança de que Deus é um “saco de pancadas”, ou “pau pra toda obra”, “resposta para todas as perguntas”. Ele é o controlador de um grande espetáculo e as pessoas são marionetes, fantoches presos a ele com cordas e submetidos aos seus caprichos.
         Deus não é assim, mas Deus tem a coragem santa de criar o ser humano livre, mesmo correndo o risco de ser aceito ou rejeitado por ele.
         O Deus manipulador, opressor, descrito acima, é uma válvula de escape para os pais. É este Deus que se deixa fabricar e manipular. Deus não é assim: é preciso que se permita nascer um Deus que ama, presente a todos os instantes, que liberta, que se oferece, aguarda e espera que seus filhos e suas filhas o amem. É este amor infinito que Deus nos oferece, com confiança plena em nós.
         Também é importante convencer-se de que nós adultos precisamos rever estes nossos conceitos, modificando nossas formas de expressão sobre Deus, que sejam mais construtivas e mais verdadeiras.

DEUS OU JESUS

         A recomendação é iniciar por Deus. Se vocês misturam Jesus e Deus, a criança não saberá quem é quem. Deus traduz o princípio, meio e fim de tudo. Com Deus está a ideia de poder, bondade, grandeza. Estes três princípios estão associados à ideia que as crianças fazem de seus pais. Deus é aquele de quem Jesus falou de maneira humana, como os humanos entendem. Jesus falou de Deus imitando a pessoa humana em tudo, menos no pecado, é claro! Podemos retomar o Credo Apostólico... “nasceu  da barriga de Maria, foi pequeno, aprendeu a falar, engatinhar, andar como todas as crianças...” O menino Jesus é o nosso irmão. É este Jesus que tem o verdadeiro rosto de Deus.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Bom conselho



As palavras mais importantes

As 6 palavras mais importantes:
Admito que o erro foi meu.
As 5 palavras mais importantes:
Você fez um bom trabalho.
As 4 palavras mais importantes:
Qual a sua opinião?
As 3 palavras mais importantes:
Faça o favor.
As 2 palavras mais importantes:
Muito obrigado.
A palavra mais importante:
Nós.

sábado, 21 de junho de 2014

Uma boa recomendação

O Filme Escritores da Liberdade foi destacado como uma recomendação às aulas de Ensino Religioso Escolar pelo GPER, em seu Newsletter 466, ano 10, 21.06.14.
O filme pode ser um pretexto para ler "O Diário de Anne Frank", revelando aspectos do desenvolvimento juvenil de alguém que vive sob o horror da Segunda Guerra. Escritores da Liberdade resgata a ampliação de horizontes aos adolescentes, função da escola para dentro da sociedade brasileira, considerando as micro-regiões de extrema violência, os redutos dominados pela marginalidade e pelo tráfico de drogas. Nessa nossa guerra por vida digna não há vencedores nem perdedores. Porém, esta é outra reflexão, a partir da inferência do que o filme pode trazer para quem o assiste.

"Escritores da liberdade
Domingo, 4 de agosto de 2013
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ESCRITORES DA LIBERDADE - uma inspiração para um trabalho renovado 
style="text-align: justify; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; background-color: white" class="MsoNormal" align="justify"> Este filme é baseado em fatos reais e conta a história da professora Erin Gruwell ao começar a lecionar a turma 203 do 2º grau no Colégio Wilson. Após sua primeira aula, Erin percebe que a educação naquela escola não era como ela tinha imaginado. Sua turma, assim como toda a escola, é heterogênea, dividida em gangues e etnias, ocorrendo, então, muitas desavenças e brigas violentas. Mesmo um pouco decepcionada ao descobrir o desinteresse dos alunos pela aula, ela não desiste de tentar superar as barreiras ali encontradas. A professora G, como também era chamada pelos alunos, começa a utilizar características comuns às vidas deles para lhes ensinar a matéria, fazendo com que eles se interessem um pouco mais. Também faz algumas atividades que acabam tocando suas consciências.
Um dos projetos de Erin era que seus alunos lessem “O Diário de Anne Frank” e que, após a leitura, fizessem seu próprio diário, contando tudo que quisessem: seus sentimentos, pensamentos, o que já havia se passado na vida deles, o que sonhavam. Ao ler seus diários, Erin apenas reforçou sua decisão de não desistir de seus alunos. Quando soube que a escola não emprestaria os livros aos alunos, arrumou um segundo emprego para poder comprar os livros para sua turma. Sem nenhum apoio da diretoria da escola ou de outros professores, resolveu agir sozinha, começando um terceiro emprego, para tentar conseguir recursos para viagens culturais. (http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/1919562-escritores-da-liberdade-resumo/#ixzz21A76mXam)

FILME:


 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O que podemos fazer para ajudar outras pessoas

            Você ora a Oração do “Pai Nosso”? Muitos se perguntam o porquê orar todos os dias... É recomendável que, ao orar, meditemos profundamente sobre as palavras que falamos para Deus.

Uma de suas partes, a petição ‘o pão nosso de cada dia dá-nos hoje’ se refere a tudo o que necessitamos para o sustento e a vida diária.

Deus dá o pão, o sustento, para justos e injustos, para os que pedem por ele e também para os que não pedem. E é aqui que entra um ponto muito importante: é no agradecer pelo que Deus dá que vamos distinguir o cristão, o justo do injusto. Quem é cristão agradece! O cristão é grato a Deus de maneira bem concreta, bem visível. Essa gratidão vai se manifestar no irmão necessitado e no cuidado com toda a criação de Deus. E vejamos: o irmão necessitado não é só aquele que está com frio, fome...

O irmão e a irmã necessitado/a é aquele/a que precisa:

- das nossas palavras para lhe aconselhar;

- do nosso conselho para lhe encorajar;

- da nossa fé para orar;

- dos nossos ouvidos para desabafar;

- dos nossos olhos para lhe guiar;

- da nossa cabeça para lhe orientar;

- do nosso coração para lhe aceitar;

- dos nossos ombros para chorar;

- das nossas mãos para lhe ajudar;

- dos nossos pés para um favor;

- da nossa casa para um abrigo;

- do nosso pão para matar a fome;

- da nossa verdade, da nossa justiça, do nosso amor para viver.

Vemos assim, que o pão de cada dia, não é somente aquele pão que comemos feito de farinha de trigo ou milho e fermento. Reflita! Ore e faça uma Ação concreta!

 

 

 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

As referências maternas

No ensino integral é necessário postular processos de reflexão sobre aspectos cotidianos. Como muitos dos leitores já sabem, sou partidária do grupo que não gosta de selecionar datas especiais, pelo cunho explicitamente comercial. E, no caso específico, o Dia das Mães é cotado como a segunda data que mais movimenta os ganhos comerciais no Brasil. Então, apesar de remar contra a correnteza, e, justamente por esse motivo, é preciso considerar algumas questões sobre a maternidade e expô-las ao grupo de discentes.

O ponto inicial é o aspecto do cuidado maternal e o correspondente esforço, sacrifício, para criar a prole. A maternidade consciente consiste em receber a bênção da maternidade, sentir o orgulho do resultado e empenho oferecidos e, por conseguinte abrir mão do tempo investido nas ações ocupacionais resultantes da opção pela maternidade. Trata-se muito mais de aspectos comportamentais, pelo esforço em ensinar sobre a vida, do que os investimentos em bens em si. O tempo dispensado aos cuidados gerais poderia ser investido em lazer, ou estudo, ou uma segunda jornada de trabalho. Esse é o o sacrifício maternal: abrir mão de sonhos para dedicar-se à prole. Fazer tudo isso junto, no mesmo tempo, linearmente não é possível.

O segundo ponto a se considerar com os discentes é o aspecto comportamental, sob o ponto de vista do relacionamento sadio, equilibrado na família. Eu creio ser possível, mesmo nos tempos conturbados e perturbados socialmente falando, formar uma família nos moldes do ideal, isto é, constituída de pai e mãe, do elemento masculino somado ao elemento feminino. A criança tem o direito de ter as duas referências e é salutar que as tenha, para o seu desenvolvimento pleno, completo. Nossos discentes tem suas próprias experiências de lar, de vida familiar. Certamente, saberão dizer muito sobre isso. É fundamental que exponham seus pensamentos e vivências para que possam formar suas próprias opiniões e postular seus posicionamentos acerca dessas relações familiares. Afinal, um dia eles e elas formarão seu próprio núcleo familiar e para tal terão de estar certos de suas perspectivas e identidades.

O terceiro ponto é o aspecto religioso. Quais são as considerações religiosas a partir dos esteriótipos bíblicos? Vamos considerar o caso da mãe Rebeca, que fez distinção entre seus filhos gêmeos. Ou, vamos considerar hipoteticamente o caso da mãe Eva, caso tenha vivido para ver a morte de Abel, assassinado pelo próprio irmão Caim. Poderíamos considerar o caso de Ana, que entregou seu único filho ao templo, para ser um profeta de Deus, e o caso de Penina, exposta à própria sorte, após ser expulsa do grupo de Elcana e Ana. Quem sabe, poderíamos considerar o caso da mãe de João Batista, caso vivesse no tempo em que o filho tornou-se profeta eremita...
O fato é que da Bíblia conhecemos Maria, a mãe de Jesus, imortalizada pelas mãos do artista, através da obrar Pietá. Pouco conhecemos sobre as defensoras da vida, as parteiras, no tempo de Moisés, sua mãe Joquebede, e, mais além, no tempo do nascimento do próprio Jesus, das circunstâncias de Maria. Pouco sabemos sobre a atitude da princesa Bitia, filha do faraó que resgatou Moisés das águas, mãe adotiva.
Em meio a esses relatos de fé, nós nos encontramos, pois isso damos como testemunho à gerações. E nossas próprias vidas denotam e comprovam nossas ligações com o mundo cristão (ou acristão). Todos sabem que sou do grupo cristão. Naturalmente, os relatos sagrados acima não denotarão fé, se não lidos com esta intenção. E então, se não for este o propósito, nada mais terá valor, nem vida, nem morte.

Assim, você tem três aspectos possíveis para mencionar os aspectos relacionados à maternidade em nossos dias. Não se iluda: se você não tematizar isso, alguém o fará e talvez com menor propriedade. Tome a si a responsabilidade. Sucesso na empreitada, são meus votos!